Moda nos anos 50
Após a segunda guerra mundial, o mundo e em especial as mulheres ansiavam algo inovador, e o grande acontecimento ocorreu em 1.947, quando Christian Dior apresentou o New Look. O tailleur Bar, com casaqueto de cintura fina e formas arredondadas lembrando uma tulipa, e a saia ampla, com metros e mais metros de tecido, a nova inspiração de Dior no século XIX colocou a grife entre as mais desejadas do mundo, ao lado de grande nomes como Chanel, Madame Grès, Nina Ricci, Cristobal Balenciaga (considerado o grande mestre da alta costura),Hubert de Givenchy e Pierre Balmain, entre outras.
A alta-costura viveu o seu apogeu em 1950 com a criação do grupo parisiense chamado “costureiros associados” dentre eles o próprio Christian Dior, transformaram essa época na mais glamourosa e sofisticada de todas.
As famosas maisons, como a de Jacques Fath, Jeanne Paquin, Robert Piguet e Jean Dessès uniram-se ao grupo que havia sete profissionais da moda de confecção para a criação de sete modelos cada um, a cada estação, para que fossem distribuídos para algumas lojas selecionadas.
Em 1955, a grife "Jean Dessès-Diffusion" começou a fabricar tecidos em série para determinadas lojas da França e da África do Norte.
O grande destaque na criação de sapatos foi o francês Roger Vivier que criou o salto-agulha e o salto-choque na mesma década, o último era encurvado para dentro, além do bico chato e quadrado. Vivier trabalhou com Dior e criou vários modelos para os desfiles dos grandes estilistas da época.
Em 1954, Chanel reabriu sua maison em Paris, que esteve fechada durante a guerra. Aos 70 anos de idade, ela criou algumas peças que se tornariam referencias da grife, como o famoso tailleur com guarnições trançadas, a famosa bolsa a tiracolo em matelassê e o escarpin bege com ponta escura.
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| Bolsa chanel |
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| Dior vestido chambord 1954 |
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| o famoso tailleur da Chanel com guarnições trançadas |
A influência de alguns países no cenário sócio econômico mundial nos anos 50
Os Estados Unidos da América estavam avançando na direção do ready-to-wear e da confecção. A indústria norte-americana com técnicas de produção em massa em evolução.
Na Inglaterra, empresas como Jaeger, Susan Small e Dereta produziam roupas prêt-à-porter sofisticadas. A Itália com Emilio Pucci produzindo peças separadas em cores intensas e estampadas que faziam sucesso na Europa e nos EUA.
Na França, Jacques Fath foi um dos primeiros a se voltar ao prêt-à-porter, ainda em 1948. Nos anos 50, pela primeira vez, as pessoas comuns puderam ter acesso às criações da moda sintonizada com as tendências do momento. Em 1955, as revistas Elle e Vogue dedicaram várias páginas de sua publicação às coleções de prêt-à-porter, o que sinalizava que algo estava se transformando no mundo da moda.
Uma preocupação dos estilistas era a diversificação dos produtos, através do sistema de licenças, que estava revolucionando a estratégia econômica das marcas. Assim, alguns itens se tornaram símbolos do que havia de mais chique, como o lenço de seda Hermès, que Audrey Hepburn usava, o perfume Chanel Nº 5, preferido de Marilyn Monroe e o batom Coronation Pink, lançado por Helena Rubinstein para a coroação da rainha da Inglaterra. Muitos perfumes constituem até hoje o alicerce de apoio como principais produtos de algumas maisons, cuja sobrevivência muitas vezes é assegurada por eles.
A Guerra Fria, travada entre os Estados Unidos e a então União Soviética ficou marcada, durante os anos 50, pelo início da corrida espacial, uma verdadeira competição entre os dois países pela liderança na exploração do espaço.
A ficção científica e todos os temas espaciais passaram a ser associados a modernidade e foram muito usados. Até os carros americanos ganharam um visual inspirado em foguetes. Eles eram grandes, baixos e compridos, além de luxuosos e confortáveis. Os Estados Unidos estavam vivendo um momento de prosperidade e confiança, já que haviam se transformado em fiadores econômicos e políticos do mundo ocidental após a vitória dos aliados na guerra. Isso fez surgir, durante esse período, uma juventude abastada e consumista, que vivia com o conforto que a modernidade lhes oferecia. Melhores condições de habitação, desenvolvimento das comunicações, a busca pelo novo, pelo conforto e consumo são algumas das características dessa época.
A televisão se popularizou e permitia que as pessoas assistissem aos acontecimentos que cercavam os ricos e famosos, que viviam de luxo, prazer e elegância, como o casamento da atriz Grace Kelly com o príncipe Rainier de Mônaco.
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atriz Grace Kelly com o príncipe Rainier de Mônaco.
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Nessa época de transformações, as pessoas casavam cedo e tinham filhos, valores retornaram e os aparelhos eletrodomésticos foram criados para ajudar a “nova” mulher.
Na Europa ressurgiu, especialmente na Alemanha, o estilo modernista da Bauhaus, com o objetivo de fabricar bens duráveis, com um design voltado á funcionalidade e ao futuro, refletindo a vida moderna. Vários equipamentos, como rádios, televisores e máquinas, foram criados seguindo a fórmula de linhas simples, durabilidade e equilíbrio.
Ao som do rock and roll, a nova música que surgia nos anos 50, a juventude norte-americana buscava sua própria moda. Assim, apareceu a moda colegial, que teve origem no sportswear. As moças agora usavam, além das saias rodadas, calças cigarrete até os tornozelos, sapatos baixos, suéter e jeans.
O cinema lançou a moda do garoto rebelde, simbolizada por James Dean, no filme "Juventude Transviada" (1955), que usava blusão de couro e jeans. Marlon Brando também sugeria um visual displicente no filme "Um Bonde Chamado Desejo" (1951), transformando a camiseta branca em um símbolo da juventude.
Já na Inglaterra, alguns londrinos voltaram a usar o estilo Eduardiano, mas com um componente mais agressivo, com longos jaquetões de veludo, coloridos e vistosos. Além de um topete enrolado, os "teddy-boys" (Os Teddy boys, influenciados pelo rockabilly norte-americano, usavam trajes Eduardiano e penteados pomposos).
Ao final dos anos 50, a confecção se apresentava como a grande oportunidade de democratização da moda, que começou a fazer parte da vida cotidiana. Nesse cenário, começava a ser formar um mercado com um grande potencial, o da moda jovem, que se tornaria o grande filão dos anos 60.
Os anos 50 foi a explosão de cosméticos, através de empresas, como a Revlon, Helena Rubinstein, Elizabeth Arden e Estée Lauder que investiam em publicidade. Na Europa, surgiram a Biotherm, em 1952 e a Clarins, em 1954, lançando produtos feitos a base de plantas. As tintas, loções e fixadores para cabelos passaram a fazer parte da vida das mulheres.
Os penteados podiam ser coques ou rabos-de-cavalo, como os de Brigitte Bardot. Os cabelos também ficaram um pouco mais curtos, com mechas caindo no rosto e as franjas davam um ar de menina.
o estilo de beleza feminina nos anos 50
As ingênuas chiques, encarnado por Grace Kelly e Audrey Hepburn, que se caracterizavam pela naturalidade e jovialidade e o estilo sensual e fatal, como o das atrizes Rita Hayworth e Ava Gardner, como também o das pin-ups americanas, loiras e com seios fartos. Entretanto, os dois grandes símbolos de beleza da década de 50 foram Marilyn Monroe e Brigitte Bardot, que eram uma mistura dos dois estilos, a devastadora combinação de ingenuidade e sensualidade.
As pioneiras das atuais top models surgiram através das lentes dos fotógrafos de moda, entre eles, Richard Avedon, Irving Penn e Willian Klein, que fotografavam para as maisons e para as revistas de moda, como a Elle e a Vogue.
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| Grace Kelly |
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| Marilyn Monroe |
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| Brigitte Bardot |
Linha Corola- Dior
No dia 12 de fevereiro de 1947 Dior apresentou sua coleção que teve um efeito inusitado a imprensa. Quando Carmel Snow, redatora da revista americana Harper’s Bazaar, viu os modelos apresentados por Dior, exclamou: “This is a new look!” Desde então, o nome original da coleção, que era Ligne Corolle (Linha Corola), se tornou conhecida como New Look. Em sua primeira coleção, Dior conseguiu mudar todo o conceito de roupa feminina inovando com glamour. Após tantos anos de restrições, a mulher desejava algo que a fizesse se sentir mais feminina, ela ansiava pela elegância e o luxo perdido que ficou ausente em fase de guerra. Dior acertou em cheio esse desejo, um visionário que criou modelos extremamente femininos, luxuosos, sofisticados e elegantes. Os vestidos e saias eram mais longos, o busto mais acentuado, a cintura bem marcada e as saias amplas. Numa fase que a indústria têxtil ainda se libertava do momento de tensão, da escassez de matéria prima Dior foi ousado apresentando a sua coleção e sendo copiado por mulheres do mundo inteiro, firmando a partir daí seu nome no mundo da moda. Mulheres de todas as partes do mundo queriam um modelo Dior e isso correu as ruas numa velocidade incrível, foi o mais rápido efeito de um conceito de moda visionária “ditada” pelo estilista na década de 50.
Nos anos 50 Dior criou modelos luxuosos, com muita seda e tule bordado com incrustações drapeadas, como no vestido de baile Chambord (acima), que para ele significava o luxo ao redor da cintura, além dos vestidos de tecidos diáfanos, com várias saias sobrepostas e comprimentos variados. A linha Y surgiu em 1955 e mostrava um corpo esguio com a parte superior mais pesada, com golas grandes que se abriam em forma de V e a Linha A trouxe vestidos e saias que se abriam a partir do busto ou da cintura para formar os dois lados de um A. Fortes referências da grife Dior até hoje, estolas, as mangas três quartos, além do conjunto em tons pastéis de cardigã, blusa e saia de crepe, alguns anos depois, ainda na década de 50 ele lança echarpes, lenços de seda, luvas, bijuterias e lingeries com a assinatura Christian Dior referência da grife.
Grandes celebridades usaram suas criações, como as atrizes Brigitte Bardot e Marlene Dietrich, a cantora Edith Piaf e a princesa Grace de Mônaco. Christian Dior morreu em 24 de outubro de 1957, na estação termal Toscana de Montecatini, na Itália, deixando um verdadeiro império do luxo construído, com 28 ateliês e 1.200 funcionários.
Dior foi o maior acontecimento da moda na década de na década de 50 deixando seu legado para sucessores.
Moda na década 50 no Brasil
No Brasil estavam iniciando a moda, e surge os primeiros costureiros, os destaques da moda era a Casa Canadá, no Rio de Janeiro e Madame Rosita em São Paulo. Dener Pamplona de Abreu que abre espaço para a geração de outros renomados nomes como Clodovil Hernandez, Guilherme Guimarães, Markito e Ney Galvão.
No Rio de Janeiro, a Fábrica de Tecidos Bangu impulsionava o mercado com um concurso de beleza, o Miss Bangu. Foi também o começo do boom da indústria têxtil; a Rhoda (Instalada no Brasil desde 1919) lança, em 1955, os primeiros fios e fibras de náilon, que introduziriam as roupas numa era high tech. Outro ponto importante: em 1958, começa a Feira Internacional da Indústria Têxtil, a Fenit. No embalo dos bons ventos do setor, em 1952, a Editora Abril lança a revista Capricho e, em 1959, Manequim.
Aparelhos de TV faziam sucesso nos Estados Unidos e começavam a surgir no Brasil. O cinema vivia sua melhor época de Gene Kelly a Elvis Presley, passando por James Dean e divas como Rita Hayworth e Ava Gardner, Hollywood ditava moda e padrões de beleza e as tendências chegavam no país através do cinema.
Em sua trajetória vestiu importantes primeiras-damas como Darcy Vargas, Santinha Dutra, Sarah Kubitschek, Thereza Goulart e Dulce Figueiredo. A Casa fechou suas portas em 1967, um ano após o falecimento do seu fundador. A Casa Canadá marcou a história da moda brasileira com todo o glamour, a presença de preciosidades de jóias assinadas por Roberto Burle Marx, sendo os primeiros trabalhos de designer com pedras brasileiras. As peças eram usadas nos desfiles intimistas dos Studios Canadá de Luxe.
Resumo dos anos 50
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capas da revista Capricho
fontes consutadas: